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quarta-feira, 27 de julho de 2011

Era um fim de tarde de domingo, a pessoa estava molhando o jardim da casa quando foi interpelada por um garotinho com pouco mais de nove anos, dizendo:


-Tem pão velho? Essa coisa de pedir pão velho sempre me incomodou desde criança.

Na adolescência descobri que pedir pão velho era dizer: - Me dá o pão que era meu e ficou na sua casa.

Olhei para aquela criança tão nostálgica e perguntei:

Onde você mora?

- Depois do zoológico. – Bem longe, hein. – É... Mas eu tenho que pedir as coisas para comer.

- Você está na escola? – Não. Minha mãe não pode comprar material. – Seu pai mora com vocês? – Ele sumiu.

E o papo prosseguiu, até que eu lhe disse:

Vou buscar o pão, serve pão novo? – Não precisa não, a Senhora já conversou comigo!

Esta resposta caiu como um raio. Eu tive a sensação de ter absorvido toda à solidão e a falta de amor desta criança.

Deste menino de apenas nove anos, já sem sonhos, sem brinquedos, sem comida, sem escola e tão necessitado de um papo, de uma conversa amiga.

Que poder tem o gesto de falar e escutar com amor!



Alguns anos se passaram e continuam pedindo pão velho na nossa casa e eu dando pão novo, mas procurando antes compartilhar o pão das pequenas conversas, o pão dos gestos que acolhem e promovem que ajudam os mais necessitados...

Este pão de amor não fica velho, porque é fabricado no coração.

O Ágape nos faz entender em pequenos gestos, em pequenas palavras no amor generoso, no amor doação, você transforma vidas...



Este belo texto de Fernando Pessoa eu dedico ao Newton neste dia 28 de julho muito especial: “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: E se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.” Beijo para você. Sandra.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

FILHOS SÃO DO MUNDO! (JOSÉ SARAMAGO)

Para as que já são mães ou a que será um dia...

Filhos são do mundo.

Devemos criar os filhos para o mundo, torná-los autônomos, libertos até de nossas ordens.

A partir de certa idade, só valem conselhos. Especialistas ensinaram-nos a acreditar que só essa postura torna adulto aquele bebê que um dia levamos na barriga. E a maioria de nós pais acredita e tenta fazer isso o que não nos impede de sofrer quando fazem escolhas diferentes daquelas que gostaríamos ou quando eles próprios sofrem pelas escolhas que recomendamos.

Então, filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmo, de como mudar nossos piores defeitos, para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isto mesmo! Ser pai ou ser mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é se expuser a todo tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo corretamente e do medo de perder algo tão amado.

Perder?Como? Não é nosso recordam-se? Foi apenas um empréstimo! Então, de quem são nossos filhos? Eu acredito que são de Deus, mas com respeito aos ateus digamos que são deles próprios donos de suas vidas, porém um tempo precisaram ser dependentes dos pais para crescerem...

E o meu sentimento, a minha dedicação o meu investimento? Não deveriam retornar em sorrisos, orgulho, netos e amparo na velhice? Pensar assim e entender os filhos como nossos e eles, não se esqueçam, são do mundo!

Inicio de férias, mais tempo para os filhos, olho meus pequenos pimpolhos e penso como seria bom, se não fossem apenas empréstimos! Mas é eles são do mundo. O problema é que meu coração já deles é. É a mais concreta realidade só resta a nós, mães e pais rezar e aproveitar todos os momentos possíveis ao lado de nossas crias, que mesmo que sejam emprestadas, é a maior parte de nós! A vida é breve, mas cabe nela muito mais do que do que somos capazes de viver. Beijos. Sandra.